segunda-feira, 19 de março de 2012

Indignação, ainda que tardia! *

Ainda não nos indignamos o suficiente com os problemas da educação. Embora ações mais recentes do governo federal tenham impulsionado mudanças significativas no País, a esquerda ficou devendo um projeto efetivo para a escola pública. Na Bahia, por exemplo, nada de profundo se fez para alterar a degradação que Wagner herdou dos governos anteriores. Sequer fizeram um alinhamento coerente com as políticas do MEC ou mesmo um projeto aglutinador que representasse uma alternativa ao espúrio programa "educar para vencer".

Os municípios também não contribuíram (com raras exceções) para que qualquer mudança significativa fosse percebida no Estado. A ligeira melhora do Ideb, mesmo que permaneça seguindo a progressão de dois décimos por biênio, não será suficiente para minimizar os prejuízos de uma educação precária em duas ou mais gerações. O governo federal tem indicado alguns caminhos interessantes, mas como não responde diretamente pela aplicação das políticas nos sistemas, essas ações geralmente chegam aos estados e municípios de maneira pulverizada e inconsistente.

Sabemos que uma transformação profunda neste quadro de atraso não é algo simples e nem custa pouco. Resta-nos saber até que pontos governos e sociedade consideram essa questão prioritária. Em que medida ainda se acredita que qualquer transformação social desejável, que se possa operar em profundidade, terá que ser feita através do acesso a educação e cultura? Quantos creem que são esses os únicos bens que poderíamos socializar de maneira radicalmente igualitária?

A contratação de professores devidamente habilitados por concurso público, o pagamento do piso salarial e um plano de carreira que privilegie a qualificação profissional de educação são medidas emergenciais que foram cinicamente deixadas de lado pelo governo. Começamos mais um ano letivo sem professores nas escolas públicas, e a Secretaria de Educação do Estado se prepara, mais uma vez, para substituí-los por "estagiários" ou por qualquer outro regime ilegal de contratação. Mas quem irá se indignar?

* Por Ricardo Henrique de Andrade
- Prof. de filosofia da UFRB (Amargosa) -

> Extraído do Jornal A Tarde do dia16 de março de 2012.

Um comentário:

  1. Uma das áreas mais vergonhosas do governo Wagner, é sem dúvida a educação.

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