sábado, 12 de novembro de 2011

Criança e consumo.

Muitas e graves são as questões que envolvem a infância brasileira. A relação da criança com o consumo, embora esteja na raiz da desigualdade e da violência, não aparece como preocupação, muito menos prioridade. Por outro lado, hoje, a mídia compartilha igualmente da socialização e formação da criança, sem qualquer responsabilidade sobre ela, que ainda cabe apenas à família e à escola.

Nem todas as crianças tem acesso a todas as mídias. Para a grande maioria delas, por mídia, no Brasil, entenda-se a televisão, que está em 98% dos lares, moradias e de tudo que se pareça com isso. A criança brasileira é uma das campeãs mundiais no tempo médio diário que assiste a tevê, onde o consumo dita as regras. De acordo com levantamento do Ibope, crianças de 4 a 11 anos, das classes A, B e C, passam, em média, quatro horas e 54 minutos diante da tela. Em áreas de maior vulnerabilidade social e econômica, esse tempo médio chega a espantosas nove horas por dia. Enquanto o período médio no ambiente escolar não passa de três horas e 15 minutos, segundo estudo elaborado pela Fundação Getúlio Vargas em 2009.

E mais: segundo pesquisa Datafolha de março de 2010, a televisão é o entretenimento preferido das crianças, acima de brincadeiras com amigos e andar de bicicleta. Isso sem levar em consideração o computador, diante do qual crianças de maior poder aquisitivo têm vivido os melhores anos da infância, desenvolvendo uma dependência que tem se tornado patológica em alguns casos.

Definitivamente não estamos preparando as crianças para se tornarem consumidores conscientes, até porque, para muitos pais, a ditadura do consumo se torna uma aliada, compensando ausências, substituindo valores e palavras. Que malcriação resiste a um Danoninho de morango? Que maior prova de amor do que um Playstation de última geração? Só mesmo um seguro, aquele que, garante o banco, faz do cliente um pai de verdade, o melhor pai do mundo.

*Fonte: Jornal A Tarde, do dia 09/11/11.

Estou transcrevendo mais uma vez um artigo do Jornal A Tarde por entender que o conteúdo deste nos remete a analisá-lo profundamente e rever os nossos conceitos. Achei bastante pertinente, pois o texto acima coaduna com o tema debatido na audiência pública acontecida no dia 10 deste mês, na Câmara de Vereadores, sobre a violência entre os jovens e adolescentes nas escolas e fora delas.

Precisamos continuar debatendo este assunto na nossa sociedade em tantos locais quanto sejam possíveis, pois só assim encontraremos um caminho para mudar a situação hoje vigente.


Até a próxima !

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